14 setembro, 2015

O show business e a comunicação religiosa


A imprensa tem uma ligação forte com o sucesso da Reforma protestante. Com a invenção de Gutenberg os textos de Lutero e Calvino puderam se disseminar pela Europa rapidamente. Ainda vale lembrar que o primeiro livro impresso foi a Bíblia durante um processo que levou cinco anos para ser concluído (1450-1455). Outra importante conexão entre a história das comunicações com a religião aconteceu no Brasil, mais precisamente em Porto Alegre, no ano de 1901. Foi nessa data que o padre Roberto Landell de Moura patenteou o rádio, desenvolvendo um sistema capaz de transmitir a voz de um aparelho para outro. 

As religiões sempre souberam do poder da comunicação como ferramenta de persuasão e de conquista de novos fiéis.  E essa comunicação obviamente precisou se adaptar as mudanças que naturalmente foram ocorrendo na sociedade. 

O século XXI trouxe uma evolução em velocidade impressionante quanto as novas tecnologias. Muitas delas relacionadas a comunicação e a informação. Além do modo de vida consumista viver em uma crescente que fez (e faz) as pessoas quererem bens materiais e resultados imediatos. Nesse novo cenário as religiões começaram a perder fiés devido a sua forma de interagir, já considerada ultrapassada. Foi então que surgiram novas religiões, igrejas e seitas com uma estratégia de comunicação efervescente que agradou prontamente um número expressivo de pessoas.

Estamos vivenciando um boom daquelas religiões que utilizam uma linguagem carregada de fragmentos capitalistas ao contrário daquela pregação clássica. Está havendo uma troca fundamental no foco dos discursos que antes tanto prometiam um pós-vida de conforto/paz correlacionado a uma vida de entrega e sacrifícios e que agora prometem bens materiais e curas instantâneas intrinsecamente ligadas ao quanto o indivíduo está contribuindo monetariamente com a instituição. 

Para confirmar isso basta zapear pelos canais de televisão, pelo dial do rádio ou ir na ‘lojinha’ que quase toda boa igreja que se preze tem em seu interior. São produtos dos mais diversos sendo ofertados e prontamente consumidos. O seguidor, o fiel, aquele que realmente crê, se vê quase que imposto a utilizar na sua vida coisas que o padre/pastor lhe indica como sendo o melhor para enfim conseguir se salvar e obter a tão quista vida eterna. 

O cristianismo encontrou seu jeito de atrair novamente a sociedade, foi transformando-se em estampa de camiseta. Chamando a atenção com líderes que falam alto e fazem gestos firmes. Criando espetáculos, como o autodescritivo ‘Show da Fé’ do R. R. Soares.

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